A displasia do
desenvolvimento do quadril (DDQ) é um termo que aborda um amplo espectro de
alterações na bacia da criança. Sua grande complicação se deve à facilidade com
que ocorre o encaixe e desencaixe da cabeça femoral no acetábulo.
Essas alterações freqüentemente são congênitas e podem ser
notadas após o nascimento, mas há casos que aparecem apenas com o desenvolvimento
da criança. É mais freqüente na mulher (proporção de 4 para 1) , no lado
esquerdo e em parto pélvico. Apenas 20%
dos casos são bilaterais.
Ocorre, principalmente devido a uma displasia acetabular
e/ou frouxidão capsuloligamentar. É uma patologia que apresenta componente
hereditário (frouxidão ligamentar) com influência mecânica, que pode ser
oriunda de oligodrâmnios, primípara e recurvato congênito de joelho. Suas
principais causas pós–natal estão relacionadas ao uso incorreto de fraldas e
mantas.
Quando a criança começa a apoiar os membros inferiores o
membro fica mais curto pela subida do fêmur luxado que não encontra apoio
acetabular, que tende a ficar preenchido por tecido fibrogorduroso. Essas
alterações causam hipotrofia do membro inferior, sendo compensado pelo eqüino,
atitude de flexoadução do quadril, saliência da região trocantérica e queda da
pelve para o lado oposto.
No RN, o diagnóstico é realizado pela a manobra de Ortolani,
que consiste em colocar a criança em decúbito dorsal, segurando-a pelos
joelhos, com os quadris flexionados em 90 graus e mantidos em adução. Essa é a
posição inicial para realizar a abdução. Se houver instabilidade, ocorre um
encaixe, percebido na mão, da cabeça do fêmur no acetábulo, também, chamado de
sinal do ressalto (Ortolani Positivo). Quando se aduz o quadril, o desencaixe
deve ocorrer.
Também pode ocorrer contratura de flexão do quadril devido a
retração do íliopsoas, observada pela manobra de Thomas. A medida que a criança
cresce outros sinais são observados, como o de Galleazi positivo (diferença de
comprimento dos membros inferiores) e Trendelenburg positivo (insuficiência do
glúteo médio).
No RN o tratamento é seguro e apresenta sucesso em 97 %
dos casos. Faz-se a manobra de Ortolani e mantém-se a abdução de 70 graus e
flexão de 100 graus. Essa posição conserva o quadril reduzido e pode ser
mantida por meio do gesso ou por aparelhos ortopédicos. O aparelho de
preferência são os suspensórios de Pavlik que são usados por 2 ou 3 meses de
idade. É período suficiente para que ocorra a remodelação do acetábulo e a
cápsula recupera a tensão natural. Após esse período, pode ser necessário
realizar tração para evitar contraturas.
O tratamento que se inicia após a deambulação é geralmente
cirúrgico, obtendo mais sucesso se for realizado precocemente. Entretanto, na
adolescência praticamente não existe tratamento curativo.
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