O artigo da semana "Cirurgia ortopédica em idosos: aspectos clínicos" publicado na Revista Brasileira de Ortopedia como artigo de atualização, com autoria de Luiz Eugênio Garcez Leme e colaboradores,do Instituto de Ortopedia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - IOT/FM/USP.
O artigo aborda que a atenção a pacientes idosos submetidos à cirurgia ortopédica,
particularmente os que necessitam de cirurgia de urgência,
deve levar em conta a análise da capacidade física e de riscos
específicos dos indivíduos idosos, na tentativa de reduzir riscos
que, no entanto, permanecem elevados neste grupo. Apesar dos
riscos, procedimentos desenvolvidos com prontidão têm efeito
positivo na evolução destes pacientes. A atenção coordenada
integrada por equipe clínica/geriátrica, ortopédica, anestésica,
intensivistas e demais profissionais de saúde pode ser altamente
benéfica neste grupo de pacientes.
A displasia do
desenvolvimento do quadril (DDQ) é um termo que aborda um amplo espectro de
alterações na bacia da criança. Sua grande complicação se deve à facilidade com
que ocorre o encaixe e desencaixe da cabeça femoral no acetábulo.
Essas alterações freqüentemente são congênitas e podem ser
notadas após o nascimento, mas há casos que aparecem apenas com o desenvolvimento
da criança. É mais freqüente na mulher (proporção de 4 para 1) , no lado
esquerdo e em parto pélvico. Apenas 20%
dos casos são bilaterais.
Ocorre, principalmente devido a uma displasia acetabular
e/ou frouxidão capsuloligamentar. É uma patologia que apresenta componente
hereditário (frouxidão ligamentar) com influência mecânica, que pode ser
oriunda de oligodrâmnios, primípara e recurvato congênito de joelho. Suas
principais causas pós–natal estão relacionadas ao uso incorreto de fraldas e
mantas.
Quando a criança começa a apoiar os membros inferiores o
membro fica mais curto pela subida do fêmur luxado que não encontra apoio
acetabular, que tende a ficar preenchido por tecido fibrogorduroso. Essas
alterações causam hipotrofia do membro inferior, sendo compensado pelo eqüino,
atitude de flexoadução do quadril, saliência da região trocantérica e queda da
pelve para o lado oposto.
No RN, o diagnóstico é realizado pela a manobra de Ortolani,
que consiste em colocar a criança em decúbito dorsal, segurando-a pelos
joelhos, com os quadris flexionados em 90 graus e mantidos em adução. Essa é a
posição inicial para realizar a abdução. Se houver instabilidade, ocorre um
encaixe, percebido na mão, da cabeça do fêmur no acetábulo, também, chamado de
sinal do ressalto (Ortolani Positivo). Quando se aduz o quadril, o desencaixe
deve ocorrer.
Também pode ocorrer contratura de flexão do quadril devido a
retração do íliopsoas, observada pela manobra de Thomas. A medida que a criança
cresce outros sinais são observados, como o de Galleazi positivo (diferença de
comprimento dos membros inferiores) e Trendelenburg positivo (insuficiência do
glúteo médio).
No RN o tratamento é seguro e apresenta sucesso em 97%
dos casos. Faz-se a manobra de Ortolani e mantém-se a abdução de 70 graus e
flexão de 100 graus. Essa posição conserva o quadril reduzido e pode ser
mantida por meio do gesso ou por aparelhos ortopédicos. O aparelho de
preferência são os suspensórios de Pavlik que são usados por 2 ou 3 meses de
idade. É período suficiente para que ocorra a remodelação do acetábulo e a
cápsula recupera a tensão natural. Após esse período, pode ser necessário
realizar tração para evitar contraturas.
O tratamento que se inicia após a deambulação é geralmente
cirúrgico, obtendo mais sucesso se for realizado precocemente. Entretanto, na
adolescência praticamente não existe tratamento curativo.
O artigo da semana "Síndrome do túnel do carpo – Parte I (anatomia,
fisiologia, etiologia e diagnóstico)" publicado na Revista Brasileira de Ortopedia como artigo de revisão, com autoria de Michel Chammas e colaboradores,Serviço de Cirurgia da Mão e dos Membros Superiores - Cirurgia dos Nervos Periféricos do Hospital Lapeyronie (Centro Hospitalar
Universitário), Montpellier - França.
A síndrome do túnel do carpo (STC) é definida pela compressão do nervo mediano no
punho. É a mais frequente das síndromes compressivas e a causa mais frequente é a idiopática. Ainda que as regressões espontâneas sejam possíveis, o agravamento dos sintomas
é a regra. O diagnóstico é, acima de tudo, clínico pelos sintomas e testes provocativos.
Um exame eletroneuromiográfico pode ser recomendado no pré-operatório ou em caso de
doença laboral.
Link para o artigo: Síndrome do túnel do carpo – Parte I (anatomia, fisiologia, etiologia e diagnóstico)
Primeiramente
descrita por Melanbranche (1678), a patologia só foi nominada com o termo que
hoje conhecemos em 1949 por Vrolik.
A
Osteogênese Imperfeita (OI), ou doença de Ekman-Lostein, é também conhecida pelas expressões “ossos de
vidro” ou “ossos de cristal”. Tais vocábulos fazem referência à pouca
resistência óssea encontrada nos portadores.
Trata-se
de uma condição rara do tecido conjuntivo de caráter genético, afetando aproximadamente
uma a cada 20 mil pessoas em todo mundo. Entretanto, esses dados epidemiológicos
são contestados pelo fato de a doença ser pouco conhecida pelos médicos e pelo
seu difícil diagnóstico, dependendo do grau de intensidade.
A
hipótese mais aceita para OI entende que a substituição do resíduo de glicina,
responsável pela estabilidade molecular do colágeno tipo I, por um aminoácido
maior, como cisteína ou arginina, causaria em uma desorganização deste tipo de colágeno,
o que implicaria a patologia.
Como
consequência a presença de colágeno tipo I seria acompanhada de alterações
drásticas, como ocorre nos ossos, esclera, músculo e ligamentos.
A
condição mais evidente no portador é fragilidade óssea. Isto implica em
fraturas e hematomas facilmente provocados, além de acarretar dificuldade
respiratória e possível surdez, devido à deformações ósseas.
Evidentemente
as fraturas apresentam-se dolorosas, todavia a repetição do trauma promove mecanismos
neurológicos que tornam o processo menos angustiante, além de causar deformações
auxiliadas pelo tônus muscular.
A doença não tem cura. Atualmente, o tratamento visa reduzir o número de fraturas do paciente a partir do uso de pamidronato, que inibe a reabsorção óssea, e a implantação de hastes intramedulares com o objetivo de aumentar a resistência óssea.
O artigo da semana "Tratamento das fraturas diafisárias da tíbia com fixador
externo comparado com a haste intramedular bloqueada" publicado na Revista Brasileira de Ortopedia como artigo original, com autoria de Rodrigo Tavares Cardozo e colaboradores, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba - MG.
O objetivo do trabalho foi comparar a eficiência de fixador externo modular na forma uniplanar e unilateral
com haste intramedular bloqueada (HIB) buscando tratamento definitivo das fraturas
diafisárias da tíbia. Foram comparados os tratamentos cirúrgicos ortopédicos
definitivos de 50 pacientes com fratura diafisária da tíbia, por meio do uso do fixador
externo modular e da haste intramedular bloqueada. As fraturas foram tratadas no setor de
emergência de um hospital-escola pelo serviço de ortopedia e traumatologia de janeiro de
2007 a janeiro de 2011, com variação de 15 a 48 semanas. Este estudo comprovou
resultados funcionais e de consolidação excelentes quando usada a haste intramedular
bloqueada e a versatilidade e rapidez na aplicação do fixador externo atingindo a
estabilização necessária dos fragmentos ósseos. Foi obtida a consolidação das fraturas em
95% dos casos quando usamos a haste intramedular bloqueada e 90% dos casos submetidos
à fixação externa. O tratamento definitivo das fraturas diafisárias da tíbia por
meio do fixador externo modular apresentou-se como uma opção válida de tratamento em
pacientes que não puderam ser submetidos à conversão precoce para osteossíntese interna
ou quando as hastes intramedulares não estão disponíveis para o cirurgião.